Oficina de Quadrinhos UFC no SANA

Nos dias 17 e 18 de julho a Oficina de Quadrinhos esteve presente na 9ª edição do SANA (Super Amostra Nacional de Animes), evento cultural que acontece anualmente na cidade de Fortaleza.

Estivemos presentes eu e Jivago dando workshops de Quadrinização e Roteiro nos dois primeiros dias do evento. Os workshops introduziram os conceitos de composição de páginas de quadrinhos, planos de enquadramento, elaboração de roteiros e storyboards. Houve também um bate-papo com os participantes sobre fanzines e sobre a Oficina de Quadrinhos.

Participantes do workshop de sexta-feira

Caricatura no Brasil

Como já falei aqui, se o sujeito não relativizar sua busca das origens dos quadrinhos, ele vai bater na idade da pedra, dentro de uma caverna embelezado por um troglodita grafiteiro. Quem preferir se focar, vai ficar pelas vizinhanças, centrado na Charge e na Caricatura, gêneros irmãos, que se fortaleceram juntos com os primeiros jornais. Ao que parece, foi daí que saíram os quadrinhos modernos [é o que fala E. H. Gombrich], uma mutação [alguém lembrou dos X-Men?].
Pois bem, para quem se interessa por estas artes vizinhas, a dica é a edição especial que a Associação Brasileira de Imprensa lançou sobre a caricatura. Eles começam com o pioneiro das HQs no país, o anglo-brasileiro Ângelo Agostini, e seguem por outros grandes nomes dessa arte, como J. Carlos, Alvarus [que ilustra este post], Mendez, a turma do Pasquim [Millôr, Ziraldo, Henfil, Jaguar], Angeli,...
O jornalzinho de 36 páginas foi lançado em dezembro de 2007 e está disponível no site da ABI [que tem outros downloads bacanas]. O link direto está aqui.

Coringa: várias máscaras, um rosto



O Coringa é daqueles personagens que fazem valer a definição de arqui-inimigo. É assim nos quadrinhos e costuma ser assim nos passeios que Batman faz por outras mídias. Em via de regra, o palhaço do crime tem um papel de destaque. Foi assim no brilhante "Batman" (1989), de Tim Burton, e, mais recentemente, no "Batman: o cavaleiro das trevas" (2008), de Chris Nolan. A interpretação do ator Heath Ledger para o personagem chamou a atenção para o vilão - e seu Coringa psicótico ficou ainda mais atraente com a morte do ator, por overdose, antes da estréia do filme.

O mercado, como não é besta nem nada, resolveu faturar sobre isso. O lançamento de "Coringa", de Brian Azzarello e Lee Bermejo, e da edição de luxo de "A piada mortal", clássico oitentista de Alan Moore e Brian Bolland, vêm daí. (Uma última palavra sobre o oportunismo: na versão de Azzarello/ Bermejo o vilão ganha as mesmas cicatrizes que estamparam o rosto de Heath Ledger. Tsc, tsc, tsc..)

Oportunismo a parte, os dois volumes que saíram pela Panini são ótimas apresentações ao personagem. Afinal, há três belas introduções ao Coringa: a de "Coringa"; a de "Piada"; e a de sua primeira aparição, em história feita pelo criador de Batman, Bob Kane (um bônus de "Piada"). Cada um mostra um personagem diferente, que tem em comum a loucura e a idéia de ser uma versão ensandecida de uma figura amada pelas crianças. Quem ler com atenção, vai ser que o Coringa é mais que isso. Nos três, há um ponto que se repete com exatidão: a violência extrema do vilão. O Coringa é como a encarnação, não do mal, mas da violência cega. Azzarello, que trabalha em sintonia com a versão de Nolan, mostra o Coringa matando aliados, desafetos e, aleatoriamente, inocentes. Moore o ajuda a apertar o gatilho que deixa Barbara Gordon numa cadeira de rodas, além de torturar o comissário de Gotham. Surpreendentemente, o Coringa de Kane é um bandido que mata pelo menos três pessoas na história, além de tenta dar um fim no homem-morcego. A de Azzarello é legal e bem escrita, mas às vezes parece ser qualquer coisa, menos uma história no universo de Batman. Já o trabalho de Moore é o sempre: genial. O de Kane é o mais fraco, mas vale como documento histórico.

Mais Venom no cinema

O Homem-Aranha se prepara para voltar aos cinemas, no quarto filme da série. O aracnídeo até merece, para se redimir de "Spiderman 3", longa cheio de abobrinhas como um Peter Parker dançarino (The Bad Bee Gee) e a origem do Venon, que parece escrita por uma criança de 5 anos (lembram, uma bolinha alienígena cai do céu e infecta o Peter?). Não bastasse esta quadro trágico, alguém em Hollywood (ou na Marvel), teve a maravilhosa idéia de fazer um filme solo do Venon.
Ai, ai, enquanto a galera dos quadrinhos (Oficina inclusa) se mata para conseguir grana para publicar, o povo do cinema pega um caixa forte do Tio Patinhas e deposita na privada. Afinal, o filme do vilão do Homem-Aranha tem tudo para dar certo. Da mesma forma que outros filmes que resolveram dar uma chance aos secundários das HQ: Elektra, Mulher-Gato,... Para quem não chorou ainda, lembro que teremos ainda um filme do "Magneto".